na ribeira
2 min readMar 4, 2023
campina grande, setembro de 2021
campina grande, setembro de 2021

Lembra aquele dia que eu passei devagarzinho na tua calçada? Isso tem dois anos. Dois anos querendo teus beijos, teu abraço, teu riso e teu choro. Dois anos querendo de novo e de novo aquele teu cheirinho que ficou impregnado no meu casaco que te emprestei naquele inicio de noite que estava frio e você tinha que ir pra casa porque as gatas precisavam comer.

No dia que passei devagarzinho na tua calçada eu quis tua boca carnuda que tu tanto morde e deixa feridas. Quis teus olhos de sono, teu cabelo galego, macio e que o vento assanhava na varanda da tua casa.

Quero tua preocupação, mas também quero que tenha teu espaço. E que possamos nos reencontrar em espaços comuns. Eu te quero, e quero que me queira, mas não porque te quero, mas sim porque você me querer. Mesmo que eu escreva uma frase com tanto Q e no meu nome tenha Y.

Quero deitar na areia da barra e ouvir o som do barulho que o rio faz às duas da manhã. Quero ter dia o pra ficar longe da cidade e desse barulho das motocicletas. Pode ser longo. Pode ser só por dois minutos, porque a gente trabalha demais e nem sempre tem tempo para viajar. Mas que possamos desfrutar de dois minutos para ouvir o barulho dos grilos.

E são dois anos que venho conhecendo coisas novas diariamente só porque, do nada, você surgiu na tua varanda no centro da cidade. E me ensinando a ler as linhas do teu corpo e a costurar sorrisos.

Eu amo te ouvir cantar errado, tanto no chuveiro quanto no meu pé do ouvido quando dançamos juntas. Todas as palavras são base pra você costurar na letra da música, desde que rime, fazendo sentido ou não. Quero que me somes, não me subtraia e nem me divida. E que eu faça o mesmo. Multiplica tua felicidade e junta com a minha. Quero que queira minha companhia, quero que conheças teu caminho, e eu conheça o meu, e que possamos encontrar um dezenas de caminhos juntas.

E nas certezas e incertezas, continuar sentindo o prazer do cheiro dos lençóis lavados, do refogado da cebola com o alho, da terra molhada da chuva, do café da manhã na cama, cheiro do corpo banhado no granado, do milho assado na brasa, do perfume da adolescência, da maresia da barra de mananguape, o cheiro de pão na padaria, o alecrim na horta, o cheiro do seu cheiro…

Estar em casa, mesmo distante.

Te amo, e quero estar com você deitada na beira do riacho, vendo a luz no céu e ter uma arca de pandora cheia de champanhe.